sábado, 2 de julho de 2011

O assassino de José Luis Cabezas trabalha como segurança


 A imprensa argentina lembrou em 25 de janeiro os 13 anos da morte do fotógrafo José Luis Cabezas, brutalmente assassinado no inicio de 1997 na cidade de Pinamar, um dos balneários mais exclusivos da província de Buenos Aires.
Ele trabalhava na época para a revista Noticias e estava cobrindo a temporada nas praias da região, que costumam ser freqüentadas por políticos, empresários e atores.
Numa madrugada seu corpo foi encontrado carbonizado e com dois tiros na cabeça, dentro do carro, numa vala a 11km da cidade.
Mas isso foi só o desfecho.
O caso que culminou na morte de Cabezas havia começado em fevereiro de 1996, quando ele estampou, na capa da Noticias, uma foto de Alfredo Yabrán caminhando na praia ao lado da esposa.
Ate então ninguém conhecia o rosto de um dos mais influentes empresários da Argentina, amigo do então presidente Carlos Menem, e suspeito de envolvimento nas diversas máfias que marcaram aquele governo, como contrabando de armas e ouro.
“Sacarme una foto a mí es como pegarme un tiro en la frente”, repetia Yabrán a seus amigos mais chegados, explicando que o segredo de seu êxito residia no fato de seu rosto não ser conhecido.
Um ano depois, sabendo que o fotografo estava em Pinamar, o empresário resolveu se vingar e instruiu seu guarda pessoal, o ex-sargento do Exército Gregorio Ríos, a resolver definitivamente o caso.
Foi o pior atentado à liberdade de imprensa desde o retorno da democracia ao país e causou uma verdadeira comoção nacional.
Por esse crime foram condenados à prisão perpétua três ex-policiais (Gustavo Prellezo, Sergio Cammaratta e Aníbal Luna), e outros quatro bandidos envolvidos nos assassinato (Horacio Braga, Sergio Gustavo González, José Luís Auge e Miguel Retana). Além, é claro, de Alfredo Yabrán e Gregorio Ríos.
Embora a pena tenha sido pesada, por diferentes manobras judiciais os assassinos foram conseguindo sair da prisão. A Associação de Fotógrafos da Argentina voltou a pedir ontem a detenção imediata dos criminosos que ainda estão livres. Segundo a entidade, apenas dois policiais cumprem pena. Um terceiro envolvido (Retana) morreu na prisão.
Yabrán sequer ouviu o veredicto: matou-se com um tiro na boca, em 20 de maio de 1998, no banheiro de sua estância de San Ignacio, em Entre Rios, depois de cinco dias foragido da polícia. Teve final de tango argentino, como muitas histórias que acontecem por aqui.
Há gente que insiste em acreditar que o empresário está vivo até hoje e que mora em alguma praia parecida como a de Pinamar, com outro rosto, outra identidade, outra vida.
Prefiro acreditar que não se pode esquecer. Merecidamente, agora todo o ano se comemora em 25 de janeiro o dia do Reportero Gráfico na Argentina.
Um abraço a todos os fotógrafos do Brasil também. Porque valentia não tem fronteira.
Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo (giseleteixeira.wordpress.com), com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha.
Fonte e redação: Blog do Noblat

Gladys, a irmã do fotógrafo José Luis Cabezas, questionou em janeiro deste ano o ex-polícial de Buenos Aires Cammaratta Sergio, que foi condenado à prisão perpétua por participação no assassinato de seu irmão, por estar trabalhando em uma empresa de segurança, a companhia Hosted Security Service (SOS), que opera em Pinamar .
"Eu sei a muito tempo, pois já tinha sido informada", disse a irmã do jornalista, observando que os vizinhos da cidade termal comentavam e diziam ter "medo".

Gladys Cabezas, no entanto, não sabe se Aníbal Luna, outro ex-policial condenado por matar seu irmão, cometido em janeiro de 1997, também trabalha na empresa de segurança privada.
Os dois ex-policiais foram condenados à prisão perpétua pelo assassinato de fotógrafo, mas, em seguida, foram beneficiados por uma redução das penas e os efeitos da chamada "lei de dois para um", então eles foram liberados.
Em 25 de janeiro de 2011 marcou 14 anos do assassinato, por isso Gladys Cabezas anunciou a conclusão, na véspera de um ato perante o Congresso nacional e no dia seguinte uma marcha na cidade de Pinamar.

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