segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Petrópolis, é bom viver aqui!


Sergio Neumann

Imbuído pelo lema maravilhoso que o prefeito, usuário de produtos não muito ortodoxicos, de minha cidade, escolheu para seu governo, eu resolvi traduzir o que significa a frase "É bom viver aqui".
1872, o governo da então província do Rio de Janeiro constrói um belo hospital público aqui em Petrópolis. Este se diferencia de todos os outros, pois, ele além de bem equipado, possui em seu quadro de funcionários o que há de melhor na área de saúde no Brasil. Com o advento da república, ainda sem uma explicação coerente, o dito hospital é entregue a administração de uma congregação católica, o que até então não havia problemas, afinal de contas, as irmãzinhas de São Vicente são irmãs de caridade, são boazinhas e coisa e tal.Os anos passam, a poupança Bamerindus acaba, o Morel vai pra p... que p..., o João pede para o esquecermos e o hospital, forte, saudável, imponente vira plano de saúde. As coisas andam mais ou menos, alguns serviços deixam de existir, mas o povo é na verdade uma grande manada de acéfalos e ninguém percebe que enquanto o Brasil conquistava o seu bi-campeonato no futebol, o nosso hospital maternidade, que também havia sido construído com o dinheiro do povo é entregue a alguém que o transforma, assim como o Hospital Santa Teresa, em uma entidade particular, vira faculdade e agora para entrar lá só pagando e caro, muito caro.
Anos 90, globalização, geração saúde e etc. e tal, quem tem um ótimo salário ou vive as custas do trabalho do povo, quem rouba os cofres públicos e seus parceiros vêem na pequena Petrópolis o seu "El Dourado", a cidade se transforma em paraísos para Jorgina dormir em meio aos milhões desviados do I.N.S.S., outros ladrões da coisa pública também residem na cidade imperial. Enquanto isso, a população indignada com o prefeito que chamou o padre da catedral de homossexual vota em um dos piores vereadores de nossa história. Demagogo e hipócrita, usuário de produtos não permitidos por nossas leis, ele ganha com uma maioria interessante já no primeiro turno das eleições e neste período, o nosso, ou melhor, o ex-nosso hospital Santa Teresa é agora um dos melhores do país outra vez, porém, ele é agora um dos mais caros também.
Com inúmeras distribuições de cestas básicas e com a manutenção do povo na miséria quase que absoluta, com a facilidade de se esconder as favelas devido aos morros da cidade, a propaganda toma conta e invade a população petropolitana com a falsa idéia de que tudo vai bem, tudo está a mil maravilhas. Passagem de ônibus sobe assustadoramente e atinge o patamar dos dois Reais, os impostos sobem, a população perde seus empregos, mas a propaganda diz que tudo vai bem. Os jornais da cidade, comprados pela prefeitura com anúncios caríssimos e acima dos valores de mercado demonstrando claramente que há algo de estranho no ar, mas ninguém faz nada. Um governo vingativo e corrupto se instala no Palácio Sergio Fadel. Neste clima de falsidade e corrupção, prefeito que trai o amigo ao ter relações com a esposa dele, hospital que declara encerrar o atendimento gratuito e a população, ah, a população que se f... diz uma autoridade em um almoço com amigos em uma certa churrascaria.
O governo nada faz, a justiça entoa aquela canção do "tô nem ai, tô nem ai" e o povo, morrendo de fome e de sede, sem saúde e sem dinheiro, sem cultura e sem emprego, este povo vai vagando pelas ruas pedindo desculpas por não sabe o que, pois, este povo humilde não sabe onde errou, mas assume a culpa por ter eleito estes facínoras. Povo este que nem sabe, que nem se lembra mais que foram seus pais, avós e outros parentes que pagaram para construir o hospital que agora diz em alto e bom som que não vai mas atender a população carente e de baixa renda da cidade.
Deu pra entender o porque é bom viver aqui?

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