quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Camping no congresso

A instalação de um acampamento do Movimento Brasil Livre, no gramado em frente ao prédio do Congresso Nacional, o desentendimento entre os manifestantes e o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC), e a chegada ao local de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) levaram os senadores a temer tumultos no local.

Sen. Ronaldo Caiado
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) pediu providências ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para evitar um possível conflito em frente ao Congresso. Conforme o senador, jovens integrantes do Movimento Brasil Livre conseguiram autorização do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para instalar um acampamento no gramado em frente ao Congresso, como uma forma de protestar contra o governo e pedir o afastamento da presidente da República, Dilma Rousseff.

Dep. Federal  Sibá Machado
Segundo Caiado, na terça-feira (27) houve um desentendimento entre os manifestantes e o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado. Caiado relatou que Sibá teria dito que iria “juntar gente e botar vocês para correr daqui”. E que iria “para o pau” com os manifestantes, a quem teria chamado de “vagabundos”. Já nesta quarta-feira (28), continuou Caiado, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) se apresentaram no mesmo local onde estão instaladas as cabanas.

— Esse movimento, dizem, é coordenado pelo deputado Sibá, e já iniciou um conflito com os jovens do Brasil Livre — afirmou o senador, pedindo que a Polícia Militar seja convocada para garantir a manifestação dos jovens e para evitar o conflito.

Em resposta, Renan Calheiros disse que há um ato que autoriza a ocupação dos espaços do Congresso apenas a partir da decisão concomitante dos presidentes da Câmara e do Senado. Renan registrou que não houve “a formal autorização” do presidente da Câmara nem do presidente do Senado. Ele ainda manifestou temor de incidentes “de toda ordem”.

— Vamos reunir a Mesa do Senado e tomar a decisão em relação à ocupação daqueles espaços — anunciou.

De acordo com Renan, “o democrático é que esses cidadãos fiquem ao longo da Esplanada e não se alojando do lado de cá”. O presidente disse ainda que isso não justifica que outros grupos venham a ocupar o mesmo espaço e provocar conflitos. Para Renan, é preciso refletir e rapidamente tomar uma decisão sobre essa questão, “que tende a evoluir, e pode atingir a todos nós”.

Tendas

Sen. Humberto Costa
O senador Humberto Costa (PT-PE) disse ser contra qualquer violência, mas ressaltou ser preciso respeitar a lei. Ele citou um ato que “veda a edificação de tendas ou similares no gramado em frente ao Congresso Nacional”. Assim, disse o senador, nem mesmo com uma autorização da Câmara ou do Senado poderia haver um acampamento no local.

— O que eu gostaria de pedir é o cumprimento desse ato, sem qualquer violência. Mas não é possível continuar esse acampamento ali, em frente ao Congresso Nacional — declarou o senador.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a manifestação de Sibá Machado demonstra o clima de intolerância do PT, que pede o "cumprimento da lei" apenas contra seus adversários. Cássio Cunha Lima ainda afirmou e que é preciso conviver com a democracia.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que a declaração de Sibá é uma “verdadeira incitação à violência”. Ele ponderou que há um risco sério de enfrentamento e pediu uma providência imediata.

Já o senador Donizeti Nogueira (PT-TO) disse que o MTST está no Congresso “por conta de outra pauta” e não por conta de um possível enfrentamento ou por convocação de Sibá. Ele negou a incitação da violência por Sibá e afirmou que parlamentares petistas é que têm sido alvo de manifestações de intolerância pelo país.