quarta-feira, 27 de abril de 2011

Agora batem e tomam na mão grande!


O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou nesta terça-feira (26), no Plenário do Senado, que o episódio em que tomou o gravador de um repórter que lhe perguntava sobre o recebimento de aposentadoria de ex-governador, ocorrido nessa segunda-feira (25) está sendo contado de forma equivocada pela imprensa nacional.

Requião rebateu afirmações de que teria tomado o gravador numa atitude de censura ao repórter. "Eu apenas retirei o gravador para evitar que ele editasse o conteúdo", declarou. Ele informou que publicou a íntegra da entrevista em seu site pessoal.

Segundo ele, o repórter questionava com o intuito de acuá-lo, "no estilo de programas como Pânico e CQC". Requião reconheceu que perdeu a paciência com o repórter que, segundo ele, insistia em repetir a pergunta que já teria sido respondida por ele. Comparando o fato àquele em que Jesus Cristo perde a paciência com os mercadores às portas do Templo, ele disse que "muitas vezes a indignação é santa".

De acordo com o senador, a entrevista do repórter inicialmente tinha o condão de arrancar dele críticas ao governo de Dilma Rousseff e sua política econômica. No decorrer da conversa, a pergunta sobre a pensão de ex-governador do Paraná teria aparecido.

- A Bandeirantes veio com uma encomenda para me irritar. Fui alvo de uma provocação programada e reagi com indignação.

Requião contou que, quando era governador, ficou sete anos e três meses sem dar entrevistas ao vivo porque era pressionado, "num regime de chantagem" pela imprensa a abrir os cofres do governo em contratos de publicidade para não receber críticas dos meios de comunicação.

Requião citou ex-governadores do seu estado "e mais uma boa dúzia de parlamentares do Plenário que também recebe [pensão]". E afirmou que a imprensa muitas vezes trata questões como esta de maneira "absolutamente provocadora e irresponsável". Ele acrescentou que a crítica ao recebimento da pensão constrangeu o também senador Pedro Simon "até o desespero, por receber R$ 11 mil quando funcionários do seu gabinete recebiam duas ou três vezes mais".

- Temos de acabar com o abuso, com esse bullying público que todos sofremos pelo simples fato de ganhar uma eleição e assumir um mandato.

Ele também destacou que, no mandato anterior no Senado, votou pela aprovação de um projeto com objetivo de agilizar o exercício do direito de resposta de quem for ofendido ou agredido, proposta que teria sido engavetada pela Câmara dos Deputados.

Citando o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que revogou a Lei de Imprensa, Requião pediu que o tema volte ao debate público.

Apartes

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), contou que a Rede Bandeirantes procurou-o pedindo uma entrevista. Ele disse que, primeiro, ouviria Requião.

- O jornalista estava no direito de perguntar sobre uma questão que é de interesse público. Cabe uma atitude para que vossa excelência possa recompor sua relação com o repórter da melhor forma possível - aconselhou.

O senador Lobão Filho (PMDB-MA) apoiou o discurso de Requião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário